domingo, 27 de janeiro de 2013

LEMBRANÇAS, VESTÍGIOS E CARAPUÇAS

De Alberto Portugal
" Data: 08 a 28 de Outubro de 2010
" Local: Galeria PROEX - UEPG


Acesse e assista ao documentário exibido na exposição:
http://www.youtube.com/watch?v=ExsnxCeyAkg&feature=player_embedded
 
Silêncio. Escuridão. Lugares escuros. Pessoas obscuras.

A exposição de Beto Portugal Lembranças, Vestígios e Carapuças traz muitos significados que poderão ter um sentido parcial para algumas pessoas, pois faz parte da vivência do artista que exprime em formas e figuras uma época farta de obscurantismo relacionada à sociedade sombria de um período inesquecível. Inexistente? Invisível? Não. Claro, evidente, aparente e perceptível.

Manifesto. Desabafo.

Portugal transforma estas lembranças em irônicas peças artísticas tratando como um desabafo os vestígios de uma situação ameaçadora. O espectador irá desfrutar daquilo que quiser enxergar.

Evidências. Aparências.

Composta por seis trabalhos, a série Caixas apresenta alguns personagens reais. Crítica ou denúncia silenciosa? Talvez. Contudo, utiliza a assemblagem para compor as peças com tecidos, bonecos, fitas e papéis dentro de caixas de madeira. Em algumas delas, pode-se perceber como graciosas e aparentemente infantis pela presença de bonecos e cores que o artista escolhe, mas em outras, a facilidade para sentir o desconforto que causa um mal estar em quem aprecia a obra. Da mesma forma que a série Alimentos, onde instiga o público a pensar em como vícios e hábitos podem trazer consequências não tão prazerosas em relação ao momento em que são usufruídas. Alimentos para o corpo e para a alma: ao tempo em que sociabilizam, afastam o indivíduo e podem gerar situações conflituosas.

Oposição. Desordem. Barulho.

Um piano de cauda e estilhaços de vidros para todos os lados. Caos. Impossível não perceber. Significados que trazem lembranças chocantes. Inerte na memória de quem viveu e sobreviveu.

Sobrevida. Outra vida.

Agradecimentos especiais a todos aqueles que tiveram envolvimento e opinaram pelo melhor caminho a seguir. Não fosse isso, Beto Portugal não seria quem é hoje e não teria a bagagem e o conteúdo suficientes para produzir estes trabalhos com tanta riqueza de detalhes e, de certa forma, bem humorados que levam o espectador a se divertir e refletir sobre a vida. “Dia vai, dia vem e eu ainda sou o mesmo”. Frase extraída do vídeo Reflexos da Metade, onde o artista pondera sobre sua vivência.

Experiência. Ilusão.

Disfarce da realidade. Poder. Reinado de mentira onde se faz o que bem entende. Carlota Joaquina diz: “Desta terra não levarei nem o pó”. Dona de uma forte personalidade, Dna. Joaquina foi, além de prepotente e arrogante, violenta. Parecer real. Lembra o polêmico artista americano Andy Warhol que, como excelente publicitário, construiu uma imagem como a Marilyn Monroe foi construída. E vendida (o popular vende). E ele chegou lá. Alcançou a fama, conquistou fortunas. Mas quem era Warhol como pessoa? E Marilyn além da imagem? Vale a pena esquecer do essencial e substituir pela imagem? Imagem não é real.

Rotular. Adornar. Cobrir.

Para alguns, poderá parecer uma crítica. Para outros, um desabafo. Vingança? Não. Definitivamente. Na peça solitária encontrada no pequeno beco escuro, o espectador poderá imaginar como seria se encontrar desta maneira. Entretanto, a veste intitulada Carapuça dá a sensação que falta algo. Sim, o gorro que esconde a face. Escuro. Esconder. Não será necessário um esconderijo porque muitas pessoas não cabem no pequeno beco.

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