O nome persona
vem do latim e, segundo o psiquiatra suíço Carl Jung, significa máscara, que remete ao teatro grego originando o termo
personagem, ou seja, cada um dos personagens exigia uma máscara que os
caracterizassem em situações específicas. Trazendo esse pensamento para a
atualidade, é certo que a persona
estará implícita se o indivíduo estiver consciente de sua existência. Cada uma
das situações, lugares ou pessoas próximas poderão trazer a persona específica para tais
circunstâncias. Com grande diversidade em suas linhas de trabalho e pesquisa,
os artistas exploram e questionam o significado das expressões de faces e
máscaras dentro de universos filosóficos, sociológicos e comportamentais.
Caracterizadas como Pintura Digital ou
Intersecção de Imagem, as obras de Eduardo
Biss trazem as máscaras como as máscaras da alma, onde refletem os
sentimentos mais profundos. Resume sentimentos traduzidos em expressões ou como
o próprio artista comenta: “Seu eu é o
reflexo do que você é. Assim como um artista, que precisa compreender e
conhecer seu interior para transmiti-lo para a obra, nós temos que nos
enxergar, para nos entender". Compostas por 10 impressões,
o artista consegue aproximar uma percepção tênue entre o abstrato e o
figurativo mesclando formas e cores e instigando o público a descobrir cada
detalhe do seu trabalho, da mesma forma que Andrey Santos utiliza elementos tribais, independentemente da cultura e costumes de um povo
específico. Feitos em nanquim sobre papel, os trabalhos de Santos
evidenciam em sua pesquisa, questões de
identidade não só pessoal, mas também com relação a determinado grupo ou, como
são chamados hoje, tribos, que possibilitam dialogar entre si, pois apesar das
máscaras, a essência pessoal ou a identidade permanece íntegra no interior de
cada indivíduo.
Yuri
Rosa
evidencia em seus 10 desenhos
de grafite sobre papel, inserindo a este conceito de essência pessoal, os
pensamentos dos britânicos, o naturista Charles Darwin e o físico Stephen
Hawking. O artista consegue contextualizar a ideia da água, elemento essencial
à vida, aos estudos de física quântica de Hawking e explica: “Uma das teorias pelas
quais fiquei fascinado é a teoria dos universos paralelos, a qual o livro (O Universo na Casca de uma Noz) afirma
que existem vários outros universos e, dentro deles, várias outras
possibilidades de histórias, podendo existir você mesmo dentro deste outro
universo, mas com uma história completamente diferente”. Sua pesquisa faz uma
analogia não só com a água, mas com os outros elementos da natureza,
questionando, assim, a ideia de ser imprevisível, incontrolável e caótico, não
necessariamente referindo-se aos outros universos, mas sim com a possibilidade
de não existir o controle dos elementos.
Esse descontrole é um questionamento que, para Felipe Segalla, hábitos em excesso como
ingestão de café e o fumo são temas de discussão trazendo para sua produção os
próprios materiais, pois além de tinta a óleo, o próprio café faz parte da
composição em algumas produções. Em suas 4 telas, discute não só os malefícios
do excesso da cafeína e do cigarro, como também seus efeitos na atualidade:
“Tais substâncias, por piores que sejam, são o gás do mundo moderno. Dão cor ao
caos e aliviam a mente, no olho do furacão”, significando uma pausa
reconfortante diante das exigências da vida, na visão de Segalla.
Com a série “Bom Dia”, Manolo Almeida e Sinara
Freitas utilizam a fotografia para mostrar, através de suas próprias
expressões faciais ao acordar, questões sociológicas de um casal de classe
média durante os cinco dias úteis de uma semana. O interessante deste trabalho
é que os artistas estão desprovidos da persona
e deixam-se fotografar de uma maneira que muitas pessoas preferem não se
mostrar. O espectador poderá notar que as expressões de Freitas vão se tornando
cansadas ao final da semana, diferentemente de Almeida que expressa alegria e
disposição ao saber da aproximação do descanso semanal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário