Com a mesma proposta da primeira exposição, Persona 2 traz “a máscara” como objeto
subjetivo de estudo, expondo questões sociais, psicológicas, emocionais e de
identidade. O termo personagem – do latim persona
– tem origem no teatro grego, onde era exigida uma máscara de cada um deles,
para que os caracterizassem em situações específicas.
Trazendo esse pensamento para a atualidade, é
certo que a persona estará implícita
se o indivíduo estiver consciente de sua existência. Cada uma das situações,
lugares ou pessoas próximas poderão trazer a persona específica para tais circunstâncias. Stuart Hall coloca bem
esse pensamento: “O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o eu real, mas este é formado e modificado
num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e as identidades que estes mundos oferecem”. Os artistas
exploram esta ideia de diversas formas, através da fotografia, pintura digital
e ilustração.
Com a série “Bom Dia”, Manolo Almeida e Sinara
Freitas utilizam a fotografia para mostrar, através de suas próprias
expressões faciais ao acordar, questões sociológicas de um casal de classe
média durante os cinco dias úteis de uma semana. O interessante deste trabalho
é que os artistas estão desprovidos da persona
e deixam-se fotografar de uma maneira que muitas pessoas preferem não se
mostrar. O espectador poderá notar que as expressões de Freitas vão se tornando
cansadas ao final da semana, diferentemente de Almeida que expressa alegria e
disposição ao saber da aproximação do descanso semanal.
Caracterizadas como Pintura Digital ou Intersecção de
Imagem, as obras de Eduardo Biss
trazem as máscaras como as máscaras da alma, onde refletem os sentimentos mais
profundos. Resume sentimentos traduzidos em expressões ou como o próprio
artista comenta: “Seu eu é o reflexo
do que você é. Assim como um artista, que precisa compreender e conhecer seu
interior para transmiti-lo para a obra, nós temos que nos enxergar, para nos
entender". O artista consegue aproximar uma percepção
tênue entre o abstrato e o figurativo mesclando formas e cores e instigando o
público a descobrir cada detalhe do seu trabalho trazendo, dessa forma, a
identidade.
Persona
fala também de identidade. Identidade a descobrir, identidade descoberta. É a
identidade que marca o personagem e transporta o ator para o autoconhecimento. Atlan
Coelho dispõe do tempo para
questionar a identidade adquirida. Diz Ivo Coelho, pai do artista, sobre a obra
em exposição:
Tempo
presente, passado, e futuro.
Carga
de saber, de força e esperança.
Movimento
quase imperceptível da
Vontade
e da transformação de
Fatores
de dinâmica incontestável
Da
grandiosidade do pequeno
A
fragilidade do maior
Da
intensidade de vida por viver e da vida vivida intensiva
Retratada
com o peso do fardo das agruras e alegrias,
Das
lágrimas e dos sorrisos
Agora
estou assim
Me
vêem assim
Assim
me vejo
Eu
fui assim
Assim
eu sou.
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