segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

PERSONA 2 - CENA HUM

 


Com a mesma proposta da primeira exposição, Persona 2 traz “a máscara” como objeto subjetivo de estudo, expondo questões sociais, psicológicas, emocionais e de identidade. O termo personagem – do latim persona – tem origem no teatro grego, onde era exigida uma máscara de cada um deles, para que os caracterizassem em situações específicas.

Trazendo esse pensamento para a atualidade, é certo que a persona estará implícita se o indivíduo estiver consciente de sua existência. Cada uma das situações, lugares ou pessoas próximas poderão trazer a persona específica para tais circunstâncias. Stuart Hall coloca bem esse pensamento: “O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o eu real, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e as identidades que estes mundos oferecem”. Os artistas exploram esta ideia de diversas formas, através da fotografia, pintura digital e ilustração.




Com a série “Bom Dia”, Manolo Almeida e Sinara Freitas utilizam a fotografia para mostrar, através de suas próprias expressões faciais ao acordar, questões sociológicas de um casal de classe média durante os cinco dias úteis de uma semana. O interessante deste trabalho é que os artistas estão desprovidos da persona e deixam-se fotografar de uma maneira que muitas pessoas preferem não se mostrar. O espectador poderá notar que as expressões de Freitas vão se tornando cansadas ao final da semana, diferentemente de Almeida que expressa alegria e disposição ao saber da aproximação do descanso semanal.



Caracterizadas como Pintura Digital ou Intersecção de Imagem, as obras de Eduardo Biss trazem as máscaras como as máscaras da alma, onde refletem os sentimentos mais profundos. Resume sentimentos traduzidos em expressões ou como o próprio artista comenta: “Seu eu é o reflexo do que você é. Assim como um artista, que precisa compreender e conhecer seu interior para transmiti-lo para a obra, nós temos que nos enxergar, para nos entender". O artista consegue aproximar uma percepção tênue entre o abstrato e o figurativo mesclando formas e cores e instigando o público a descobrir cada detalhe do seu trabalho trazendo, dessa forma, a identidade.



Persona fala também de identidade. Identidade a descobrir, identidade descoberta. É a identidade que marca o personagem e transporta o ator para o autoconhecimento. Atlan Coelho dispõe do tempo para questionar a identidade adquirida. Diz Ivo Coelho, pai do artista, sobre a obra em exposição:


Tempo presente, passado, e futuro.

Carga de saber, de força e esperança.

Movimento quase imperceptível da

Vontade e da transformação de

Fatores de dinâmica incontestável

Da grandiosidade do pequeno

A fragilidade do maior

Da intensidade de vida por viver e da vida vivida intensiva

Retratada com o peso do fardo das agruras e alegrias,

Das lágrimas e dos sorrisos

Agora estou assim

Me vêem assim

Assim me vejo

Eu fui assim

Assim eu sou.


 
Assim como no teatro, nas obras de Persona 2 há vida, inspiração, emoção, poesia: tradução da intensidade do viver. Do amor, do ódio, do riso, das lágrimas. Viver e se emocionar.

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